Lição de física 1: Fazer uma curva começa muito antes de entrar nela. Há que calcular a velocidade mais segura e adequar o ritmo do carro ao tipo de curva. Assim, o processo de entrada em curva começa com a redução de velocidade (com as rodas a direito de forma a diminuir o risco de perda de controlo), mantendo uma trajetória limpa na sua descrição a seguir. O rolamento da carroçaria tende a ser mais pronunciado quanto maior a velocidade na sua passagem.
Lição de física 2: Além da suspensão, o papel dos pneus é fundamental. Mesmo que produzam um nível de aderência enorme, podem atingir um limite de motricidade que não poderá comportar a velocidade em curva caso esta seja excessiva. Os ombros dos pneus suportam uma grande parte do esforço durante uma curva, sendo esse ainda maior caso se tratem dos pneus do eixo motriz.
Lição de física 3: A força é tanto maior quanto maior a velocidade de inserção em curva. Assim, a suspensão e os pneus terão maiores dificuldades em manter a trajetória quanto maior for a velocidade. É a suspensão que permitirá, igualmente o nível de rolamento de carroçaria percebido pelo condutor, havendo um limite a partir do qual, também os pneus tenderão a perder aderência.
Lição de física 4: Numa curva, diversas forças concorrem entre si. As forças centrífugas vão tentar empurrar o carro para fora na curva, sendo também percetível no interior pela inclinação dos passageiros para o lado contrário ao do sentido da curva. Neste sentido, para lidar com as forças centrífugas, o conjunto suspensão-pneus tem um papel muito importante, já que é ele que vai marcar oposição a essas forças.
Suave, suavemente: Travar a direito, adequar a velocidade e levar o carro para o interior da curva de forma suave são requisitos para curvar em segurança, mantendo o volante numa posição firme e sem ‘repelões’ que atrapalhem a motricidade. Aliás, sobre o volante, curvar com as duas mãos é absolutamente obrigatório. Curvar de forma suave limita a pressão colocada sobre os pneus e aumenta a segurança. Travar em curva também é desaconselhado, porque a transferência de massas pode desequilibrar o veículo e causar a perda do controlo. Acelerar suavemente à saída das curvas também ajuda.
Trajetória: Fazer como num circuito é tarefa muito difícil em via pública. Em pista, é comum o piloto ir ao ponto de corda – apex – da curva para limitar as perdas de tempo. Trava na parte exterior, entra para o centro da curva, toca no limite interior e volta a abrir para o exterior à saída da curva. Contudo, no quotidiano, facilmente se percebe que este estilo é pouco seguro.
Inspiração na pista: É possível, ainda assim, assumir um pouco da aprendizagem das pistas e ‘endireitar’ ligeiramente a curva, ou seja, aproximar-se ligeiramente do eixo da via, mas sem nunca cruzar para a faixa contrária. Ou seja, uma utilização razoável do espaço numa faixa de rodagem, sem exageros e sem colocar em risco os outros utilizadores da estrada.
O drift para os espaços próprios: Os mais habilidosos saberão como dominar a arte do drift, sobretudo com carros de tração traseira. Aqui, o truque é equilibrar o acelerador com a dinâmica da curva, para que a traseira se mantenha a derrapar sem que se passe ‘para a frente’ do veículo. Ou seja, sem entrar em pião. Mas esta prática é apenas aconselhada de fazer nos espaços próprios e circuitos e nunca na estrada, podendo colocar a sua segurança e a dos outros utilizadores da via pública em risco.
Chuva, neve e areia: A recomendação de abordar as curvas com suavidade ganha natural importância com as condições do piso mais difíceis. Chuva, neve ou areia na estrada amplificam os riscos de perda de motricidade, podendo levar a acidentes. Com chuva, por exemplo, que é a condição mais usual nos meses de inverno, reduza a velocidade e seja muito suave em curva, devendo também verificar se os seus pneus estão ainda em condições.
Sobre e sub(viragem): Dois conceitos simples mas que muitas vezes são esquecidos - sobreviragem e subviragem. O primeiro prende-se com o efeito da traseira a fugir, parecendo querer fugir com a secção posterior, enquanto o segundo sente-se, sobretudo, quando a direção está virada, mas o veículo parece continuar a ir em frente. Ou seja, o veículo tem tendência para sair de frente. Ambos os efeitos são potenciados com velocidade a mais em curva, mas também por pneus muito gastos ou suspensão em mau estado.
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